quarta-feira, novembro 30, 2005

Quem menos se espera...

O assassino nem sempre é o mordomo, como todos sabemos. Aliás, neste momento só me estou a lembrar de um policial de Agatha Christie em que o assassino era, de facto o mordomo (ou melhor, um dos assassinos). O assassino é, geralmente, aquela personagem que menos esperavamos, nem que fosse por ser demasiado óbvio ;). Dame Agatha troca-nos as voltas das mais variadas formas, criando personagens que jamais serão esquecidas, sejam detectives, assassinos ou mesmo as próprias vítimas do jogo do crime (porque tal como o Coronel Mustard afirma em Cluedo "não se pode fazer uma omeleta sem partir ovos"- sem assassino e sem vítima não haveria jogo, obviamente).
Há, sem dúvida, algumas personagens, em cada um dos livros, que pela forma como são descritas, os conflitos em que se envolvem, ou o facto de terem cometido anteriormente algum tipo de crime, nos levam a pensar "É este o assassino!". Poirot frisa com frequência a importância da psicologia do crime durante a sua caçada ao "rato". Quem realmente seria capaz de cometer um assassinato? Uma coisa é mentir ou roubar, outra é matar!
Em livros como Cartas na Mesa ou Convite para a morte as coisas complicam-se um pouco. A questão que se põe, especialmente em Convite para a morte, já não é quem seria capaz de matar, mas sim "quem seria capaz de matar naquelas circunstâncias", elaborar "aquele" plano, agir "daquela" forma. Uma vez que sabemos à partida que todos os suspeitos já tinham sido, directa ou indirectamente, responsáveis pela morte de alguém, torna-se mais importante do que nunca tentar entender o perfil psicológico do assassino, tendo em conta as cirscunstâncias em que o crime foi cometido.