segunda-feira, abril 10, 2006

Um pouquinho mais de sangue para agradar ao cunhadinho

Em O Natal de Poirot Simeon Lee, o rico e despótico patriarca de uma família inglesa, reúne um grupo de pessoas para comemorar o Natal na sua casa no campo. Pouco antes da ceia o velho é degolado. O cadáver é encontrado numa grande poça de sangue; havia salpicos de sangue por todo o quarto. O quarto parecia, segundo a descrição, um matadouro. E é Lydia, uma das noras de Simeon, que observando aquele quadro de horror, repete as célebres palavras de Lady Macbeth: "Quem pensaria que o velho tinha tanto sangue em si?"
Se prestaram atenção à dedicatória do livro entendem perfeitamente a razão que levou a Rainha do Crime a descrever um quadro tão sanguinário. Aqui transcrevo as palavras (na tradução portuguesa, do Círculo de Leitores - 1997) de Agatha para o seu cunhado James Watts:
Meu caro James:
Foste sempre um dos meus leitores mais fiéis e amáveis e, por isso, senti-me seriamente perturbada quando me criticaste. Queixaste-te de que os meus assassínios se estavam a tornar excessivamente refinados - anémicos, na verdade! - e disseste que estavas desejoso de "um bom crime violento com uma grande sangueira". Um assassínio que não deixasse dúvidas que era um assassínio! Por isso escrevi esta história especialmente para ti. Espero que te agrade.
Tua cunhada afectuosa,
Agatha